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Os Responsáveis pela Degradação Institucional do Brasil

  • Foto do escritor: Rogério Mazzetto Franco
    Rogério Mazzetto Franco
  • 5 de ago.
  • 3 min de leitura

A crise institucional que o Brasil atravessa não é um acidente de percurso, tampouco fruto do acaso. Ela foi construída ao longo de décadas, por agentes identificáveis, com métodos definidos e com um projeto de poder claro. O país vive hoje os efeitos acumulados de uma série de escolhas que minaram os fundamentos da República: a liberdade, o mérito, a responsabilidade individual e a confiança nas instituições.


Entre os protagonistas desse processo está a esquerda populista, com destaque para o Partido dos Trabalhadores, que exerceu o poder por mais de uma década. Seu legado vai muito além da retórica da inclusão social. A prática política adotada foi a do aparelhamento sistemático do Estado, a instrumentalização de estatais para fins partidários e a ocupação ideológica de espaços estratégicos da cultura, da educação e da comunicação. Escândalos como o Mensalão e a Lava Jato não foram desvios pontuais, mas manifestações de um sistema corrompido por dentro, em que a lógica era a da perpetuação do poder por qualquer meio necessário. Tudo isso foi sustentado por uma visão de mundo que relativiza o mérito, desconstrói a responsabilidade individual e sacrifica a liberdade em nome de uma suposta justiça histórica.


Mas o problema não se resume à esquerda. O chamado “centrão” — bloco político heterogêneo, fisiológico e oportunista — teve papel decisivo na degradação institucional. Sem projeto de país, mas com apetite insaciável por poder, esse grupo atuou em governos de diferentes espectros ideológicos, sempre em troca de influência, cargos e verbas. Seu método é o loteamento da máquina pública e a manutenção do status quo, independentemente do custo para o Estado ou para a democracia.


Paralelamente, o Judiciário brasileiro, especialmente o Supremo Tribunal Federal, passou a desempenhar um papel cada vez mais político e intervencionista. O ativismo judicial ganhou força, comprometendo o equilíbrio entre os poderes e corroendo a confiança da população nas decisões da Corte. Inquéritos abertos de ofício, censura prévia, prisões controversas e decisões monocráticas com efeitos legislativos contribuíram para transformar a toga em símbolo de poder absoluto, e não de neutralidade constitucional.


A imprensa tradicional e parte expressiva da elite acadêmica também tiveram sua parcela de responsabilidade. Em vez de oferecer pluralidade de pensamento e senso crítico, passaram a promover uma visão homogênea do mundo, pautada por valores progressistas, em muitos casos desconectados da realidade e das demandas da sociedade. A hegemonia de um discurso único — repetido nas redações, nas salas de aula e nos centros culturais — marginalizou vozes dissidentes e esvaziou o debate público.


Esse cenário de degradação se aprofundou ainda mais pela omissão da sociedade civil. Por décadas, grande parte da população permaneceu à margem da vida política, entregando os rumos do país a elites partidárias e a burocracias aparelhadas. A desinformação, a baixa cultura política e a confiança excessiva no Estado como provedor fragilizaram o espírito cívico dos brasileiros e abriram espaço para o avanço de agendas que desrespeitam os princípios da liberdade e da ordem institucional.


A degradação institucional brasileira, portanto, não tem um único culpado. Ela é resultado de uma conjunção de forças: um projeto político autoritário travestido de justiça social; um sistema parlamentar corrompido por interesses privados; um Judiciário que ultrapassa suas funções constitucionais; uma imprensa ideologizada; e uma sociedade que, por muito tempo, abdicou de seu papel de vigilância democrática.


Se quisermos restaurar a saúde das nossas instituições, será necessário reconstruir os fundamentos da vida pública com base na liberdade, na responsabilidade, no respeito à Constituição e no resgate da verdade como valor inegociável. Esse é o desafio — e também o chamado — que se impõe a todos os que ainda acreditam na possibilidade de um Brasil livre, justo e moralmente desperto.

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