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O 8 de Janeiro: Manifestação, Depredação e o Golpe Branco do STF

  • Foto do escritor: Rogério Mazzetto Franco
    Rogério Mazzetto Franco
  • 12 de ago.
  • 2 min de leitura

O episódio ocorrido em 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram prédios públicos em Brasília, foi amplamente rotulado como uma tentativa de golpe de Estado. Todavia, uma análise criteriosa do contexto e da natureza dos golpes políticos revela que essa classificação não corresponde à realidade dos fatos.


Golpes clássicos, em especial os de cunho militar, requerem planejamento estratégico, controle das forças armadas e uma ação rápida e decisiva para afastar o governo legítimo e assumir o comando do Estado. No evento de 8 de janeiro, não houve esse tipo de operação coordenada nem respaldo das forças militares ou policiais. Importa destacar, ademais, que naquela data o ex-presidente Jair Bolsonaro já não exercia o cargo e não detinha qualquer controle ou lealdade das forças de segurança brasileiras.


O que se presenciou foi uma manifestação popular que, lamentavelmente, degenerou em atos de depredação e vandalismo — condutas que, historicamente, têm sido utilizadas com frequência por grupos alinhados à esquerda para desestabilizar governos e instituições democráticas.


Há indícios contundentes de que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) adotou postura omissa, permitindo a infiltração de manifestantes ligados à esquerda entre os participantes, possivelmente com a finalidade de incitar a destruição dos bens públicos. Essa omissão, sob responsabilidade do então ministro Flávio Dino, sinaliza falhas graves e possível conivência que culminaram no caos instalado.


A falta de segurança adequada e a permissividade das forças de segurança contribuíram para que a manifestação extrapolasse seus limites pacíficos, provocando danos materiais, mas não configurando, sob qualquer aspecto, um golpe de Estado, pois não houve tentativa nem capacidade real de tomada do poder político ou institucional.


Por outro lado, o episódio serviu como pretexto para que a esquerda promovesse um "contragolpe", desta feita sofisticado e jurídico, caracterizado como “golpe branco” ou constitucional, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde o pleito presidencial anterior, o STF manifestou atuação controversa contra opositores do atual governo, valendo-se de instrumentos judiciais para cercear direitos, restringir liberdades e deslegitimar adversários políticos. O evento de 8 de janeiro foi a justificativa para intensificar essa repressão e acelerar a concentração do poder sob a égide da legalidade aparente.


Essa dinâmica evidencia um ciclo conhecido: manifestações legítimas — por vezes infiltradas por agentes com interesses desestabilizadores — são instrumentalizadas para justificar golpes jurídicos que corroem a democracia de dentro para fora.


Na emblemática frase da escritora russa Elena Gorokhova, extraída do livro A Mountain of Crumbs (2010), em que ela descreve o clima de falsidade pública durante a União Soviética, e que ressoa com notável pertinência: “Nós sabemos que eles estão mentindo, eles sabem que estão mentindo, eles sabem que sabemos que eles estão mentindo, sabemos que eles sabem que sabemos que eles estão mentindo, mas eles, ainda assim, estão mentindo.”


O regime vigente mente para sustentar sua narrativa autoritária; o STF mente para legitimar medidas excepcionais; e a grande maioria dos veículos de comunicação mente, ao apoiar e reforçar o regime de exceção que hoje impera no Brasil. Essa realidade foi inclusive denunciada por veículos internacionais de peso, como o The Washington Post, que expôs a grave crise institucional e o retrocesso democrático no país.


Este cenário exige vigilância constante, crítica firme e o compromisso com a preservação dos valores democráticos e da liberdade.


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