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A guerra que não se vê

  • Foto do escritor: Rogério Mazzetto Franco
    Rogério Mazzetto Franco
  • 5 de ago.
  • 2 min de leitura

O Brasil vive uma guerra — mas não uma guerra convencional. É uma guerra travada nos campos da linguagem, da cultura e da percepção. Não há trincheiras, explosões ou sangue derramado. No lugar de tanques e fuzis, temos hashtags, discursos emocionais e tribunais de opinião. Essa é a guerra simbólica da pós-modernidade, uma guerra sem tiros, mas com feridas profundas.


Essa nova forma de conflito transformou-se num modelo de revolução silenciosa. Uma revolta conduzida por forças que se dizem “oprimidas”, mas que hoje detêm poder simbólico e institucional. Esse fenômeno, observado em boa parte do Ocidente, é amplificado no Brasil por nossa propensão ao populismo emocional e à politização dos afetos. Aqui, a vitória não depende da razão, mas da capacidade de controlar a narrativa pública.


O campo de batalha é claro: as redes sociais, a mídia tradicional, os sistemas educacionais e culturais. A arma principal? O discurso moralizante — com frequência travestido de "justiça social", mas que, muitas vezes, serve apenas como ferramenta de poder. A linguagem foi sequestrada. Conceitos como “igualdade”, “diversidade” e “inclusão” foram esvaziados de conteúdo objetivo e transformados em slogans de controle.


Essa “revolta dos fracos”, como alguns historiadores talvez venham a chamá-la, não deve ser confundida com a justa defesa dos direitos individuais ou com a digna luta contra a discriminação. A verdadeira perversão se dá quando minorias organizadas — com o respaldo de elites políticas, midiáticas e acadêmicas — instrumentalizam a sua condição para impor um novo autoritarismo, agora disfarçado de virtude.


O politicamente correto, nessa lógica, não é apenas um código de etiqueta. Ele se tornou um mecanismo de censura, um meio de criminalizar a divergência, silenciar o contraditório e premiar a obediência ideológica. O mérito, a competência e a verdade objetiva foram substituídos por critérios subjetivos de identificação e por afetos ressentidos. A consequência é o empobrecimento intelectual e moral da sociedade.


Hoje, vivemos sob uma forma de domínio que poderíamos chamar de “soft totalitarismo”: um regime que não exige tanques nas ruas, mas que impõe controle pela linguagem, pela intimidação e pelo cancelamento. O resultado é um país governado não apenas por uma classe política frágil e incompetente, mas também por um aparato cultural aliado ao crime organizado e à corrupção institucionalizada.


Mas essa não é uma sentença definitiva. A história não é um caminho de mão única. Toda dominação, por mais sutil que seja, gera reação. E é esse o chamado: despertar. Despertar da apatia. Despertar da ilusão de que basta se calar para sobreviver. Despertar para a urgência de reconstruir os fundamentos morais, culturais e institucionais do país.


Não haverá reconquista sem coragem. E não haverá liberdade sem disposição para resistir — com argumentos, com valores sólidos e com ação responsável. O levante que esperamos não virá de cima. Virá de cidadãos conscientes, de patriotas que não se ajoelham diante de narrativas fabricadas.


A guerra, de fato, é outra. Mas ainda não está perdida.

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