A decadência como ambiente vital
- Rogério Mazzetto Franco
- 3 de set.
- 2 min de leitura
Uma sociedade não adoece apenas pela escassez material, mas sobretudo quando perde os fundamentos morais e espirituais que a sustentam. O Brasil vive esse processo. Hoje, o que se apresenta como governo não passa de uma quadrilha organizada, sustentada por instituições que, em vez de defenderem a lei e a justiça, se dobram para manter um regime de dominação. A suprema corte, que deveria ser a última trincheira contra a tirania, tornou-se o seu alicerce. E, quando o direito é corrompido, não resta ao cidadão senão a desconfiança, o medo e o cansaço de existir.
A política, reduzida a um teatro de cinismo, infiltra-se na vida comum e a envenena. O brasileiro não encontra paz no trabalho, no convívio social ou no simples ato de caminhar por sua cidade. Não há espaço para contemplar a natureza, para celebrar a família, para gozar de um instante de segurança. Tudo está impregnado pela hostilidade — do crime organizado, que domina territórios inteiros, até o homem comum, que já não conhece o sentido de civilidade, cidadania ou respeito.
O resultado é uma nação em permanente tensão. O povo, privado de ordem e de referências superiores, converte-se em agente de sua própria ruína. A violência recebida é devolvida em novas formas de violência; a grosseria alimenta mais grosseria; o desprezo pelo próximo se multiplica, até que cada um passa a ser vítima e algoz do mesmo ambiente moral apodrecido.
A tradição conservadora ensina que uma sociedade só se sustenta quando há ordem, respeito e limites claros. A liberdade não nasce do caos, mas de instituições sólidas e de uma moral partilhada. Quando esses pilares se corroem, resta apenas a tirania de cima e a barbárie de baixo — exatamente o que experimentamos hoje.
É por isso que a crise brasileira não é apenas política ou econômica: é espiritual. E é nesse ponto que a resistência deve começar. Não basta desejar reformas externas se o indivíduo permanece escravo da mesma degradação interior que denuncia. É preciso reconstruir a vida a partir da alma, da família, da comunidade e do amor à verdade. Sem isso, qualquer mudança política será apenas a repetição do mesmo ciclo de corrupção e decadência.
A verdadeira luta, portanto, é moral. Enquanto não recuperarmos a coragem de chamar o bem de bem e o mal de mal, enquanto não restaurarmos a reverência por aquilo que é belo, justo e verdadeiro, permaneceremos prisioneiros de uma engrenagem de tirania e desordem. A política só se purifica quando a alma do povo também se purifica. E é dessa purificação que depende a sobrevivência da liberdade.




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